sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O porque da busca.

Nessa busca pela compreensão da vida podemos ser questionados ou nos questionarmos o porque, afinal, dessa busca. Afinal de contas, se a Verdade é o absoluto e o absoluto é, por definição, algo inalcançável a mente limitada do homem,por que devemos buscá-la? Não seria uma perda de tempo buscar o que sabe não se pode alcançar completamente? Não seria uma vaidade ou trivialidade? Por que não nos contentamos em simplesmente admitir que não conseguiremos compreender a totalidade das coisas?

Como sempre na historia, diversas vezes se fez essa pergunta e diversas respostas foram dadas, cada uma partindo de pressupostos distintos e chegando cada uma a conclusões igualmente distintas. Procurarei justificar essa busca dentro dos princípios que eu considero mais adequado a compreensão desse fato, que é analisá-lo por uma perspectiva cristã. Na minha visão, a chave para compreender essa “necessidade” é a Transcendência.

Mas que vem a ser transcendência?

Transcendência, para os fins do que é aqui discutido, é a qualidade que o homem tem ir além de si mesmo, da sua própria capacidade, daquilo que sabe e do que conhece. Enfim, transcender é a capacidade que só o homem tem de seguir em frente, de superar-se, de pensar além das limitações que sua natureza orgânica ou pressupostos ideais lhe permitem. Enfim, transcender é “ir adiante”. O ser humano tem a incrível capacidade de pensar a si mesmo e pensar sobre aquilo que pensa (homo sapiens sapiens). Essa capacidade, por si só torna natural ao homem querer buscar compreender aquilo que não compreende, de entender aquilo que não entende, de alcansar o que antes era inalcançável

Foi essa capacidade do homem de ir além dos seus próprios limites que o fez o superar  todos os outros seres da terra. Somente o homem vive em todos os ambientes possíveis, do mais quente ao mais frio e até fora da terra. Foi essa capacidade de ir além que levou o homem a sair pelo mar em busca de novas terras quando se acreditava que tudo que encontraria era o abismo. Foi por conta dessa capacidade de ir além que o homem foi capaz de conhecer o funcionamento do seu próprio corpo afim de manipulá-lo a dar a ele uma vida mais longa e saudável. Foi por essa capacidade de ir além o homem é capaz de entender a natureza e utilizá-la ao seu favor.  

Eu poderia dar inúmeros outros exemplos, mas creio que deve estar claro o que eu pretendo demonstrar: há naturalmente no homem algo que o impulsiona para frente, que o impede de ficar parado vendo a vida passar à assistindo passivamente, como se fosse mais um ser no meio de tantos outros, como se fosse apenas mais um bando de células reunidas que se limita se sustentar. O Homem, por sua transcendência, é capaz de muito mais que isso.

Estabelecido isso, fica evidente que o homem só pode ter uma existência autêntica na medida que vá além e faça a diferença nesse mundo. E na maioria dos casos o homem só fará a diferença no mundo quando compreende-lo o mundo e a realidade em que vive. Uma existência passiva, estática só vai manter o status quo, ao passo que uma existência engajada e consciente é capaz de promover a transformação.
Pode-se objetar que essa visão é por demais otimista e que essa vontade de sempre se superar pode levar o homem a cometer loucuras ou de enlouquecer.Pode-se dizer que essa vontade de ir sempre além é uma maldição que faz do homem um ser ambicioso e o leva busca o que quer a qualquer preço. A isso eu respondo que a transcendência do homem será uma benção ou maldição na sua vida dependendo ele BUSCAR a benção ou a maldição. Temos que aceitar que o homem nunca está satisfeito com aquilo que tem que sempre está em busca de mais a todo o instante. Cabe ao homem buscar aquilo que será o melhor para si e para o mundo que vive.

Quanto a mim, a escolha que fiz é a de não permanecer passivo nesse mundo, ser apenas um ser que assiste a o mundo girar ser perceber e observar criticamente o mundo que me cerca. Muito mais que buscar uma compreensão vazia do conhecimento por si mesmo, que na verdade não é nada, busco compreender o mundo para de alguma forma mudá-lo para melhor. Como está escrito no evangelho, quero buscar a compreensão para anunciar o Reino de Deus a esse mundo, para FAZER desse mundo um pouco do Reino de Deus.

Enfim, buscar a compreensão nada mais é do que ser humano em sua essencia, mas um humano que busca a compreensão para fazer desse mundo um mundo melhor.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Em busca da compreensão.

O que buscamos? O que queremos? O que é a verdade? Ao que parece, essas são perguntas que nunca saberemos responder. Mas, se assim é, por que sempre estamos a procura de algo? Por que sempre queremos transcender aquilo que somos, ir além daquilo que conhecemos?

Essas são perguntas difíceis de responder as quais já foram dadas diversas respostas ao longo do tempo. Muito embora essas respostas sejam muito diversas e  desdobrem-se nos mais diversos conceitos, elas podem, ao meu ver, se dividir em dois grandes grupos: as materialistas - cientificas e as metafísico-religiosas.

As primeiras, muito mais recentes do que as ultimas, vêm sendo moldadas pelo grande desenvolvimento que as ciências, em especial as ciências naturais, tiveram a partir da modernidade. Confiantes de que o conhecimento cientifico era suficiente para desvendar todos os mistérios do mundo, eles negam todo tipo de realidade transcendente e defendem que apenas o material, passível de estudo pelo método cientifico, pode determinar o que é a verdade e o fim de todo as coisas. Em outras palavras, apenas o material molda o homem, que nada mais é o que o conjunto de interações químicas e físicas que o animam e o leva a existência. O homem não tem um propósito algum em si mesmo, a não ser aquele determinado pela natureza de sua constituição biológica.

Já a posição metafísica-religiosa, muito embora seja extremamente complexa de ser descrita, por se derivar vários movimentos e inúmeras crenças que se diferenciam uma das outras, defende basicamente, que existe um sentido e uma existência para o ser humano “além da física”. Essa crença varia desde a concepção mítica dos deuses que animam o homem, até concepções filosóficas a cerca da razão como principio e fim de todas as coisas. O importante é salientam que não são apenas os processos naturais que são o fim do homem, tão pouco que as ciências naturais sejam o único caminho que o homem tem de conhecer o mundo que vive e a si mesmo. Partindo de explicações espirituais ou filosóficas o homem poderia descobrir qual a finalidade da existência.

Muito embora cada uma dessas perspectivas tenham seus méritos, nenhuma delas é suficiente por si mesma. E isso porque reduzem a verdade apenas a seus esquemas e pressupostos. A verdade, que é algo demasiado complexo para ser reduzida a um processo físico-biologico ou a um enunciado metafísico de um escola filosófica especifica, deve ser buscada com o máximo de instrumentos que o homem tem a mão. Então, antes dessas concepções se excluírem, elas se completam mutuamente de modo que uma visão completa a outra.

Essa pequena introdução, longe de ter a exatidão que teria um tratado de filosofia histórica , ou  de uma exposição  feita por alguém com um pouco mais de conhecimento que (e isso não é muito difícil de se encontrar) tem apenas por objetivo apresentar o tema desse blog como texto inaugural: tentar demonstrar que a verdade é muito mais do que algo que encontramos, mas que ao longo do tempo buscamos compreender. Não que eu não acredito que exista uma Verdade, que se impunha definitivamente e de forma universal, mas não acho que um dia seremos capazes de apreendê-la totalmente.

Fico feliz de começar esse projeto compartilhando com quem estiver interessado minhas impressões sobre o mundo, a vida e a existência. Não quero limitar meus escritos a discussões intermináveis sobre assuntos complexo, nem faze-los perder tempo com trivialidades. Mas quero compartilhar com cada um  a minha visão sobre o que considero importante e relevante para a vida. Espero falar de muitas coisas nesse blog.

Não esperem que minhas exposições sejam cem por cento precisas, não sou filosófico nem estudante de filosofia ou teologia, apenas um curioso que se interessa por essas questões. Não esperem, também, por uma coerência sistemática. Não sou muito organizado em minhas idéias e tendo mudar de idéia quando me convencem que estou equivocado. Não sou um filosofo, teólogo ou cientista, mas apenas alguém que tem em mente que devemos de alguma forma transcender o mundo que vemos e vivemos todos os dias.

Espero que gostem desse espaço, procurarei atualizado com novas reflexões sempre que possível. Espero que juntos possamos compreender um pouco mais da nossa pequena-grande existencia...