segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Messianismo Político

O antigo povo de Israel, desde a época dos profetas, espera pelo Messias. Sendo um enviado direto de Deus para o povo judeu, ele seria responsável pela libertação política da Israel, expulsando todos aqueles que se atreveram a subjugar povo escolhido de Deus. O messias traria de volta a paz a Israel, restauraria o templo de Javé,  restabeleceria a antiga monarquia Davídica e traria nova gloria aos filhos de Abraão.

Se é verdade ou não a história de que o Messias já veio a terra na pessoa de Jesus Cristo, e eu acredito nisso, não é que eu quero discutir aqui. O curioso nessa história é que ela mostra uma face interessante da natureza humana: a de que ela está sempre à espera de um libertador. Está sempre esperando que apareça algum heróico paladino que será aquele responsável por trazer paz e alegria a um povo. É a eterna crença de que um homem fará as vezes de deus, e suprirá todas as necessidades do homem, trazendo a ele paz e segurança.

A história nos mostra que não faltaram homens que achavam serem deuses. Os faraós eram a própria encarnação de Rá. Os césares romanos gostavam de ser tratados como eternos. Os monarcas absolutistas, se não eram deuses, estavam no poder por ser essa a própria vontade de Deus . Em suma, o homem sempre quis ser deus e sempre houve homens que queriam fazer dos homens seus próprios deuses.

Em épocas de eleições, como essa que estamos passando agora, essa descrição se torna ainda mais evidente. O que vemos nas propagandas dos diversos partidos políticos é a imagem do próprio Messias. O candidato é aquele que irá resolver nossos problemas em saúde e educação. Somos apresentados ao verdadeiro enviado dos céus, que dará emprego a todos e erradicará a pobreza. Tudo o que a propaganda eleitoral faz e nos vender a idéia de que um homem será o responsável por curar todas as nossas feridas e nos levar a um novo paraíso, onde tudo será perfeito e nossos problemas serão resolvidos.

Esse tipo de ilusão tem que ser afastada das nossas mentes. Longe de serem verdadeiros salvadores, temos que saber que o que está por trás de cada um desses candidatos são ideologias das mais diversas que irão guiar aquilo que seu governo irá realizar enquanto estiver no poder. A pessoa que está a frente do partido representa um conjunto de idéias sustentada pelas pessoas que os apóiam. Longe de ser um paladino da justiça, o candidato moderno é o representante de uma determinada idéia política que irá fazer o seu governo.
Temos que tirar da nossa cabeça a idéia de um candidato como o salvador das nossas almas e passar a ver o que está por trás do candidato, suas idéias, pessoas que o apóiam e a ideologia que o informa e, a partir disso, ver se ele é o mais adequado a situação que o nosso país vive no tempo em que ele se apresenta. Somente vendo o candidato dessa forma sóbria é que poderemos avaliá-lo de verdade e fazer uma escolha de verdade.

O Messias já foi enviado por Deus e já fez o seu trabalho. Quanto aqueles que se apresentam como ele, tudo o que nos resta é parar de vê-los como tais e passar a ver o que está por trás deles. Que tenhamos esse discernimento.