sábado, 13 de fevereiro de 2010

A idolatria do mundo


O mundo sempre foi idolatra. Desde os primórdios da humanidade o ser humano, afim de satisfazer o seu desejo pelo infinito, que é reflexo da sua própria necessidade de busca por Deus, sempre criou toda uma infinidade de divindades, cada uma buscando explicar algo referente a natureza ou a um aspecto da vida de determinada sociedade. O homem idolatra substitui o seu Criador verdadeiro pelo deus criado por ele mesmo, afim de satisfazer a sua própria necessidade, material e espiritual.

Esse aspecto da idolatria, a substituição da criatura pelo criador parece ter  sido colocado de lado na definição de idolatria do senso comum de hoje e precisamos estar atentos a isso. Explico:
Hoje, quando imaginamos o idolatria ou uma ação idolátrica logo vem a nossa mente alguém prostrado em frente a algum ícone que representa alguma divindade e dirigindo a ele suas preces, pedindo proteção, bênçãos, lhe prestando homengens, cultos, oferendas, procissões etc, etc. Enfim, a idéia  padrão do idolatra é a de alguém cultuando a imagem de um ídolo que trata como Deus.

Essa imagem não está errada. De fato, o que foi descrito acima é uma típica ação idolatra. Mas essa não é a única forma de idolatria e, diria eu, não é a principal forma de idolatria do século XXI. A idolatria do século não é uma idolatria da substituição do Deus verdadeiro por um ídolo falso, mas sim a adoração pelo homem dos objetos que cria, atribuindo mais valor a esses objetos que a vida humana, e baseando o valor de cada pessoa na quantidade de objetos que alguma pessoa possui.

Eu disse no começo desse texto que um aspecto negligenciado da idolatria é o ato dela colocar a criatura no lugar do criador e dar mais valor aquela do que a essa. Se repararmos bem, na sociedade materialista em que vivemos, é essa a atitude que muitas vezes tomamos no nosso dia e que vemos acontecer a todo o momento. A toda hora vemos pessoas sendo assassinadas por outras que desejam dela o seu carro, seu celular, seu notebook e também pessoas que são capazes de arriscar suas vidas para defender tais objetos. E quantas vezes não vemos tal pessoa ser tratada melhor que outras por conta do dinheiro que possui, do carro que tem ou do modo que se veste? O fato é que os objetos de consumo de hoje, que são criação do homem e feitos para o homem, são o preço da vida de uma pessoa ou ser ou não tratado com dignidade.

O materialismo do mundo e nossa estrutura econômica, calcada na produção de bens e acumulação de riquezas, nos força a vivermos em função dos bens que consumimos e todo o status e respeito que temos na sociedade muitas vezes são aferidos em função desses bens. Ou seja, os bens que criamos para nos servir acabaram por fazer de nós servos. A idolatria do mundo contemporâneo é a pior da historia, porque não é uma idolatria só contra Deus, mas uma idolatria dos homens contra os próprios homens.  Trocamos Deus por ídolos que o substitui e fazemos dos nossos objetos ídolos que substituem a nós mesmos.

A substituição da criatura para com o criador sempre foi a pior revolta de Deus para com o mundo. No antigo testamento as mazelas que afligiam Israel sempre vinham após um período de idolatria. No mundo contemporâneo a idolatria do homem para com os seus objetos o estão destruindo. Não se trata de uma ação de Deus, mas uma conseqüência de uma atitude de que Deus sempre nos advertiu.
Idolatria não é só substituirmos a Deus por ídolos de pau e pedra, mas a substituir Deus por qualquer coisa que pode ofuscá-lo de nossa vida, além da darmos mais valor aquilo que nós mesmos criamos em detrimento do homem criador.

Que coloquemos a criatura no seu devido lugar e voltemos a adorar ao Criador.